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Nenhum Motivo Explica a Guerra

Geléia Geral / Universal – 2006 Direção: Carlos Diegues e Rafael Dragaud Produção: Renata Almeida Magalhães e Flora Gil Roteiro: Rafael Dragaud Produção executiva: Tereza Gonzalez Direção de Fotografia: Rodrigo Monte Montagem: Joana Ventura Som Direto: Renato Calaça Edição de Som e mixagem: Leleo e Sérgio Ricardo Direção 1ª assistente de direção: Olívia Rabacov 2º […]

Geléia Geral / Universal – 2006

Direção: Carlos Diegues e Rafael Dragaud
Produção: Renata Almeida Magalhães e Flora Gil
Roteiro: Rafael Dragaud
Produção executiva: Tereza Gonzalez
Direção de Fotografia: Rodrigo Monte
Montagem: Joana Ventura
Som Direto: Renato Calaça
Edição de Som e mixagem: Leleo e Sérgio Ricardo

Direção
1ª assistente de direção: Olívia Rabacov
2º assistente de direção: Raoni Seixas
Pesquisa: Antônio Venâncio
Assistente do diretor: Renata Canton

Produção
Coordenação de produção: Fabio Bruno
Assistente de produção: Israel dos Santos
Estagiária de produção: Anna Paula Costa e Silva
Controller: Scheila Passamani
Assistente de contabilidade: Fernando Moreira
Consultoria jurídica: André Faoro

Fotografia
Imagens adicionais: Marcão Oliveira
Assistente de câmera: Eduardo Goldenstein
Assistente de vídeo: Arnaldo Borensztajn
Still: Renata Dillon
Direção de Fotografia Show: Luis Abramo

Som
Assistente de som: Adriano Fagundes
Elétrica/maquinária
Eletricista: Marcelo Pecis
Maquinista: Bugalu

Finalização
Consultoria de pós-produção: Afinal Filmes
Assistente de edição: André Lucas
Autoração e menus interativos: 6D Estúdio
Telecine: Link Digital
Imagens de arquivo: Acervo AfroReggae; CEDOC/TV Globo;
“Enterro Waly Salomão” – TVE Brasil; Imagens Baile Funk – Acervo Bateau;
“Polícia Mineira” – Direção: Estevão Ciavatta, Produção: Pindorama Filmes / AfroReggae / CESeC; “Entrevista Gilberto Gil- Conexões”Mixer
Computação Gráfica: Luís Otávio Senna
Grafitti: Ment Nação
Tradução inglês: Charles Holmquist

Pós-produção som
Edição e mixagem: Estúdio da Praia do Diabo
Masterização: Magic Master por Ricardo Garcia

Equipe Gege
Produção executiva: Fafá Giordano e Meny Lopes
Técnico de som direto: João Ribeiro
Assistente de produção: Bárbara Ohana

Equipe AfroReggae
Produção executiva: Izabel Roizen
Assistentes de produção: JB, Abacate, MC Playboy
e Rai do Complexo do Alemão
Pesquisa: Etiene Petrauskas

Transporte
Motoristas: Vanderlei de Oliveira, Ocimar Souza Marques, Maninho, Jairo e Terra

Fornecedores
Câmeras: Ilha 2
Comunicação: Air Cam
Helicóptero: Helisight

Depoimentos (por ordem de entrada em cena)
Dinho, Ando, LG, Altair Martins, Hermano, José Júnior, Seu Nilson, Sambarilove, Luizinho, Luiz Fernando Lopes (Tekko), Márcia Florêncio, JB, Waly Salomão, Regina Casé, Caetano Veloso, Celso Athayde, Abacate, MC Playboy, Marcelo Red Bull, Flora Gil, Gilberto Gil, Marina Maggessi, André Cunha (Dongo), Denise Dora, Evandro João da Silva, Cirléia Menezes de Oliveira

Agradecimentos
Estevão Ciavatta, Luís Erlanger, CESeC, Anistia Internacional, Circo Voador, Fundação Ford, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Estadual de Defesa Social de Minas Gerais e Polícia Militar do Estado de Minas Gerais.
Em especial às comunidades em que filmamos:
Vigário Geral, Parada de Lucas, Vila Vintém, Complexo do Alemão, Cantagalo.
O Grupo Cultural AfroReggae agradece a todas as favelas, vilas, aglomerados e periferias do Brasil.

© Luz Mágica Produções Audiovisuais, Brasil 2006

Show

Direção: Carlos Diegues
Produção: Renata Almeida Magalhães e Flora Gil
Produção executiva: Tereza Gonzalez
Direção de Fotografia: Luis Abramo
Montagem: Joana Ventura
Som direto: Jorge Saldanha e George Saldanha
Produção Musical: Leleo e Sérgio Ricardo

Direção
1ª Assistente de Direção: Anne Guimarães
2º Assistente de Direção: Raoni Seixas
Assistente do Diretor: Renata Canton
Estagiária de Direção: Flora Diegues

Produção
Coordenação de Produção: Fabio Bruno
Assistente de Produção: Fernanda Chasim
Platô: Cindy Duarte
Assistentes de platô: Israel dos Santos, Alex Moura, Laura Sette
e Ocimar Souza Marques
Controller: Scheila Passamani
Assistente de contabilidade: Fernando Moreira
Consultoria jurídica: André Faoro

Fotografia
Operadores de câmera: Alexandre Ramos, Dudu Miranda, Fabricio Tadeu,
Guy Gonçalves, Isabela Fernandes, Jacques Cheuiche, Marcão Oliveira e Paulinho Violeta
Assistente de Fotografia: Bruno Magalhães
Assistentes de Câmera: Lula Cerri e Alberto Monteiro
Imagens Adicionais: Artur Sherman
Monitoração: Marcondes Barbosa
Still: Renata Dillon
Making of: Etiene Petrauskas e Walter Rosa

Som
Assistente de Som: Bito Cavalcante
Gravação de Áudio: Unidade Móvel Vegas Studio
Direção: Luiz Felipe “Mequinho”
Técnico de gravação: Gilberto Suzano
Auxiliar de gravação: Sérgio Sampaio
Elétrica/maquinária
Eletricista: César Silva
Assistente de elétrica: Marcelo Pecis
Maquinista: Carlinhos
Assistente de maquinária: Clovis

Finalização
Consultoria de pós-produção: Afinal Filmes
Autoração e menus interativos: 6D Estúdio
Assistente de edição: André Lucas
Tape to tape: Link Digital
Mixagem: Blue Studios (RJ)
Edição em Pro Tools HD/ Assistente de mixagem: Anderson Trindade
Masterização: Magic Master por Ricardo Garcia
Tradução inglês: Alyne Curi e Charles Holmquist

Equipe Gege
Produção executiva: Fafá Giordano e Meny Lopes
Técnico de som direto: João Ribeiro
Assistente de produção: Bárbara Ohana

Equipe AfroReggae
Direção geral: José Junior
Direção espetáculo: José Junior e Johayne Ildefonso
Assistente de direção: Altair Martins e Anderson Sá
Produção executiva: André Cozta
Assistentes de produção: Izabel Roizen, JB, Abacate
e Jonathan Rodrigues
Direção de palco: Franklin Garrido
Cenário: André Vallias
Iluminação: Celso Rocha
Coreografia: Banda AfroReggae e Johayne Ildefonso
Figurinista: Carol Delgado
Arranjos: Banda AfroReggae
Técnico de P.A.: André Nascimento
Técnico de Monitor: Christophe Croysez
Roadies: Antonio Carlos dos Santos, Alex Machado da Silva e Thiago Frazão

Banda AfroReggae
Voz: Ando, LG e Dinho
Percussão: Altair Martins, Dada, Wallace Rocha e Juninho
Set de percussão: Juninho
Caixa de folia: Altair Martins, Dada e Wallace
Bateria: Cosme Augusto
Baixo: Jairo Cliff
Guitarra: Joel Dias
Teclado: Maílson Teixeira
DJ: Magic Júlio
Backing vocal: Mariana Rangel

Transporte
Motoristas: Marcus dos Anjos, Marcão, Djavan,
Bruno Cesar, Andir de Oliveira e Sirelio

Fornecedores
Câmeras: Ilha 2 e Color Bar
Comunicação: Air Cam
Monitores: Luminance Produções e Eventos
Segurança: Renata da Guia

Projeto gráfico: André Vallias
Fotos: Renata Dillon
Coordenação gráfica: Cristina Portella e Silvia Panella

Agradecimentos
Maria Juçá, Circo Voador, Hipermercados Extra, Red Bull e Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.
© Luz Mágica Produções Audiovisuais, Brasil 2006

Observações

Nenhum Motivo Explica a Guerra é basicamente um documentário sobre o Afroreggae. Algumas pessoas com certeza – e não sem razão – devem perguntar: mas é um filme sobre a música ou sobre o trabalho social do grupo? A resposta correta é: as duas coisas! Em seu primeiro documentário, Carlos Diegues foca suas lentes na malha histórica, social – e especialmente, humana – por trás de uma apresentação do grupo. O filme retrata a música do grupo de Vigário Geral, revelando justamente porque ela soa como soa, porque os rapazes cantam naquele timbre, com aquela energia.

Junto com Rafael Dragaud, Cacá Diegues passou semanas entrevistando os integrandes do Afroreggae e moradores de diversas comunidades, em lajes de Vigário Geral, Vila Vintém e Complexo do Alemão. O resultado é como que uma história da violência na cidade do Rio de Janeiro contada pelos que literalmente “sobraram pra contar a história”. Um relato e um ponto de vista inéditos que fazem ver o cordão de sentido entre incidentes traumáticos da cidade, como o Arrastão de 1992 e a Chacina de Vigário Geral, entre outros. Com as participações de Marina Magessi, Caetano Veloso, Regina Casé, Celso Athayde, Gilberto Gil e Flora Gil, o filme conta a história de um grupo de pessoas que expôs artisticamente suas cicatrizes, e dessa forma conseguiram reverter o estigma da favela em carisma.

Apresentação

Quando você foge da violência, você é um homem normal. Quando responde à violência com mais violência, trata-se de um insensato. Mas se você reage à violência dedicando sua vida à paz, você é um herói. É isso o que os membros do Grupo Cultural AfroReggae são, mensageiros da paz nascidos da violência de que eles e os seus foram tantas vezes vítimas.

Essa violência que é filha da injustiça e do desrespeito pelo outro, produzida por uma estrutura social que, além de excluir, ainda exige que os excluídos percam sua identidade, se comportem como se não existissem. As favelas brasileiras são o resultado dessa cultura da injustiça, praticada no país através de séculos – o Brasil é que é portanto o problema das favelas, e não o contrário. E a solução desse problema só pode vir de dentro delas mesmas.

A esse drama, o AfroReggae responde com luminosa origi-nalidade, através da bela frase que todos os seus membros repetem sempre: a cultura é o principal instrumento da mudança.

Para mim é, além de um prazer, uma honra ter a oportunidade de trabalhar com os rapazes e moças do AfroReggae, esses heróis modernos de nossa cidade e, já hoje, de todo o país. Eles não só têm um decisivo papel político e social em relação às comunidades carentes do Rio de Janeiro, como também são artistas que fazem uma música de extraordinária qualidade, uma fusão de idéias novas na ponta do que Caetano Veloso chamou um dia de “linha evolutiva” da música popular brasileira.

Grandes artistas e grandes seres humanos, como se pode ver no show e no filme que estão neste DVD, o AfroReggae me deu, na convivência com eles, a oportunidade de testemunhar uma nova hipótese de Brasil. Nascido no seio de uma inconcebível tragédia, filho de comunidades maltratadas e sofridas, o AfroReggae é a prova concreta de uma utopia possível para o país. Ele nos ensina que o Brasil pode ser muito melhor e que a vida vale à pena, se for vivida em paz, com amor e justiça.

Obrigado, galera.

Cacá Diegues

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Grupo Cultural AfroReggae: “Nenhum motivo explica a guerra”

A violência assume, na sociedade contemporânea, uma plura-lidade de formas. Atua tanto diretamente quanto nos subterrâneos dos discursos e das relações humanas. Está nas ruas, em formato de crimes, armas e medo. Medo que tangencia nossas vontades, que direciona opções; medo, inevitavelmente, da morte, prestes a ocorrer, iminente como um comercial de televisão.

No entanto, há uma forma perversa de violência que anda sub-repticiamente entre nós, nas frestas da moralidade, no cômodo estabelecimento social. A violência do preconceito, da segre-gação, da anulação, da injustiça, que, dia a dia, avoluma-se em um corpo fantasmagórico, indefinível e deformado em nossa socie-dade. Em sua amplitude, esta violência é reproduzida por todos nós.

Nas periferias, nos morros, nas favelas, um estranho estigma persegue os moradores. O indivíduo perde sua personalidade e um rótulo passa a ser a característica única de todos. Abafam-se as perspectivas numa profusão enevoada de ódios, criminalidades, facções e violência. A polícia passa a ser o “alvo”. O morador passa a ser o “favelado” e o “bandido”.

A precariedade, a desorganização e a destruição fazem com que forças, vindas do abandono e do descaso, consigam se erguer, num combate em favor da dignidade e da construção do ser humano como cidadão do mundo, como agente da sociedade, alguém que reflete continuamente sobre ela e, sobre ela, pronuncia seus saberes e direitos. Fomenta, assim, um sentimento de auto-suficiência, e a busca da solução de seus problemas passa a nascer em forma de possibilidades.

O Grupo Cultural AfroReggae, de Vigário Geral, no Rio de Janeiro, procura, em seus projetos com jovens e na sua intuição, fazer pontes que liguem o mundo estigmatizado da favela, com suas misérias e violências, a um mundo onde as oportunidades de escolhas estabeleçam-se com liberdade e respeito. Planta nos moradores, num processo de fortalecimento da auto-estima, a conscientização de cidadania.

Acredito na atuação no campo da ação sociocultural e no poder transformador da arte e da educação. Por isso, vejo no Afro-Reggae mais do que um mediador de conflitos em zonas de guerra, vejo um precioso instrumento social, que alia os diferentes e regenera possibilidades futuras. No mundo imaginário dos seres humanos, em seus símbolos e signos, ainda há um vasto espaço ocupado pela esperança.

Danilo Santos de Miranda
Diretor Regional do SESC São Paulo

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